Benguelense, fui criado no seio de uma família de funcionários públicos, com ligações à vila da Catumbela, lugar que visito com regularidade. A música e palcos do mundo me permitem pelo menos traçar um mapa afectivo das pessoas que me habitam a memória e dos locais que me marcaram – da Fábrica de Açúcar do Cassequel ao Caminho de Ferro de Benguela, da Restinga do Lobito à Rua Jacob de Paiva, onde aprendi a equilibrar-me numa bicicleta. A aventura poética, essa teve início em finais dos anos 90, numa altura em que Lisboa ensaiava novas linguagens rítmicas, buscando novos caminhos para a música urbana feita em português. Em 2003 juntamente com o produtor João “Branko” Barbosa, convencidos de que era possível exportar Lisboa para o mundo, fundámos a Enchufada, núcleo de produção musical, editora independente e incubadora de ideias como Buraka Som Sistema. Escrevo para o jornal Público desde 2012, e já publiquei dois livros: Estórias de Amor para Meninos de Cor (Caminho, 2011) e O Angolano que comprou Lisboa (por metade do preço) (Caminho, 2014).
"Reparem, a seguir a Luanda, o lugar onde todas as idiossincrasias deste povo ganham maior visibilidade é Lisboa".
“Lisboa é uma cidade mestiça, é moura, é Africana, é mundo, e a solução para a crise, creio, passará por nos reconciliarmos com a história deste lugar único, geograficamente bem localizado, bem no centro do triângulo entre Américas, África e Europa, para lá dos Pirinéus.”
Em visita a uma escola no Cacém (Escola Secundária Ferreira Dias) com o Projeto "Estórias Portugal-África", KALAF
"Queria escrever sobre a nossa comunidade. Como se chega, afinal, a este estado de melanina completa e absoluta? Dos estilos de cabelo, à importância do kizomba hoje até à limpeza meticulosa da sola dos ténis"
“Escrevi uma espécie de um guia, dirigido a todos, sobre como ser preto em Portugal.Um livro que pode ser lido por toda a gente, até pelos caucasianos, e ajudar a compreender melhor a nossa comunidade.”
"Mas escrevi também sobre o que nossa comunidade tem que aprender sobre Lisboa e sua história. Por exemplo, porque existe a rua Poço dos Negros em Lisboa?”
O Projeto Estórias: Portugal – África agradece a Kalaf a disponibilidade para a participação nesta atividade conjunta com a Escola Ferreira Dias (Cacém)